13/04/2020
Manifesto | Apoio à Recomendação 62 do CNJ e ao Desencarceramento
As instituições e entidades abaixo assinadas manifestam seu apoio à Recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no sentido de reduzir a superlotação dos presídios e das unidades de internação de adolescentes, com o objetivo de evitar o contágio pela COVID-19 durante a pandemia mundial.
O sistema prisional brasileiro e de socioeducação padecem há anos com as péssimas condições estruturais, superlotação, mortes de causas não violentas e proliferação de doenças graves, como tuberculose e sarna, retrato da sua atuação seletiva orientada pelo racismo estrutural, encarcerando majoritariamente pessoas negras e pobres.
A gravidade das inúmeras violações foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, ao declarar o estado de coisas inconstitucional do sistema prisional na ADPF 347, da mesma forma no Habeas Corpus Coletivo 143.641/SP, protetivo às mulheres e seus filhos, bem como ao reconhecer condições degradantes em unidades de internação de adolescentes, no Habeas Corpus 143.988/ES.
O acerto da Recomendação 62 do CNJ, editada com a celeridade que o atual momento requer, foi reconhecido por organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, haja vista o alerta da comunidade científica de que o sistema prisional possui condições ideais para a proliferação do coronavírus. Importante que os Tribunais locais busquem maior incidência da Resolução.
As medidas sugeridas igualmente visam à proteção de milhares de trabalhadores do sistema prisional, como agentes penitenciários, profissionais de saúde, educação, advogados e funcionários de empresas prestadoras de serviços, cuja essencialidade do trabalho torna imprescindível o deslocamento diário para as unidades prisionais e de socioeducação.
Assim, além do apoio irrestrito às medidas adotadas pelo CNJ, é fundamental que o Ministério da Justiça e o Departamento Penitenciário Nacional priorizem a preservação de vidas, deixando de lado disputas políticas secundárias que apenas buscam disseminar um infundado pânico na sociedade, inclusive respeitando a competência do CNJ, a independência do Poder Judiciário e a Constituição da República.
Assinam esse manifesto as mais de 70 organizações listadas a seguir:
Conselho Federal da OAB
ABJD - Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
ABRACRIM - Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas.
AJD - Associação Juízes para a Democracia
Andhep - Associação Nacional de Direitos Humanos, Pesquisa e Pós Graduação
ASBRAD - Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude
Assessoria Popular Maria Felipa
Associação de Apoio aos Presos, Egressos e Familiares - APEF (DF)
Associação Elas Existem
Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade - GOLD/ES
CEDP - Comissão de Estudos de Direito Penal da OAB/RJ.
Centro de Estudos em Desigualdade e Discriminação (CEDD/UnB)
Centro de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal Rural Do Semiárido – CRDH/UFERSA
Centro de Referência em Direitos Humanos Marcos Dionísio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CRDH/UFRN
CFNTX - Centro de Formação do (a) Negro (a) da Transamazonica e Xingu
Círculo Palmarino - ES
Colégio Nacional de Defensores Públicos Gerais - CONDEGE
Coletivo Amazônico LesBiTrans
Coletivo por um Ministério Público Transformador - Transforma MP
Coletivo Rosas no deserto - Familiares, Amigos/as e egressos/as do sistema prisional DF.
Comissão de Defesa do Estado Democrático de Direito da OABRJ.
Comissão de Direito Penal da OAB/SP
Comissão de Direitos Humanos OAB/SP
Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB/SP
Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ
COMITÊ ESTADUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA DO RIO GRANDE DO NORTE – CEPCT/RN
COMUNEMA - Coletivo de Mulheres Negras Maria - Maria
Conectas Direitos Humanos
Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania do Rio Grande do Norte – COEDHUCI/RN Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo - DPES
Todas Unidas Vicariato para Ação Socia, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória-ES Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro
Eu Sou Eu - Reflexos de uma vida na prisão
Fórum de Saúde Penitenciário do RJ
Frente pelo Desencarceramento do DF
Frente Estadual pelo Desencarceramento - RJ
Frente pelo Desencarceramento de Minas Gerais
Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas Privadas de Liberdade de Minas Gerais
Grupo Prerrogativas
Grupo Tortura Munca Mais
IDDD - Instituto de Defesa do Direto de Defesa
IGP - Instituto de Garantias Processuais
Ile Ase Opo Iya Olodoide
Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial - Baixada Fluminense-RJ
Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas - INNPD
Innocence Project Brasil
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCRIM
Instituto Carioca de Criminologia Instituto de Cultura e Consciência Negra Nelson Mandela
Instituto de Pesquisa e Estudos em Justiça e Cidadania – IPEJUC
Instituto dos Advogados Brasileiros - IAB
Instituto Terra Trabalho e Cidadania - ITTC
ISER- Instituto de Estudos da Religião Laboratório de Direitos Humanos
LADIH/UFRJ
Liberta Elas / PE
Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT/RJ)
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate a Tortura (MNPCT)
Movimento Moleque Movimento Negro Unificado - MNU/ES
NEV - Núcleo de Estudos da Violência da Usp
Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos - CADHu
Observatório da Justiça de Cidadania do RN – OJC/RN
Pastoral Carcerária Nacional - CNBB
Plataforma Brasileira de Política de Drogas - PBPD
Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência Rede Justiça Criminal
Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares no Rio Grande do Norte - RENAP/RN
Sacerj - Sociedade dos Advogados Criminais do Estado do Rio de Janeiro Sindicato dos Advogados e Advogadas - SP (SASP)